Ela fazia-me rir
De uma forma que não sabia distinguir
Mascarada de palhaço
Oh! Pobre peito, triste e coitado
Ela não sabia sorrir
Cantarolava os risos demasiados
Encantei-me, posso afirmar
Bebendo o carmesim de suas graças
Sorrirei, sem controlar-me
Suave desce doce em grande farsa
Batam palmas! Antagonista de minha história
Abram alas! Palco fraco rui com o passar das horas
Muito louco, tão pouco fogoso
Ronca o porco em seu poço torto
Alimentando-se de meus devaneios
Comendo ao lado de meu ensejo
O fim está aqui
Quiçá possa fazer-me rir
Uma dama muito cortês
Mas pouco feliz
Engodo-me com minhas luxúrias
E pouco sei sobre minha diretriz
Gosto da minha posição
Por isso não reluto
Uma hora não seria mais a ação
Sendo então a causa dela
Hoje alimento-me de minhas desgraças
Amanhã serei engolida por tais quimeras
Pobre alma!
Ela (meu fim)
Ampulheta em mim
Palhaço (sua personificação)
Aguarda sorrindo minha desmoronação
Espelho, espelho meu
Quem seria, se não as falhas do breu?
Não sei qual riso darei
Ou qual (des)honra me encontrarei
Não saberia dizer aonde estou
Apenas que nesta mesa sempre me sentei
A fome me consome
Engole-me sem saciar
Falas mortas de fome
E um tom, um tanto quanto desafinado para cantar
Envolvi-me nesta história sem nem ao menos questionar
A moral já me foi dada antes mesmo de começar
As piadas bebem as águas que insistem em cair
Engodei-me de falsos laços achando que não iria conseguir
Alguém pode me ouvir?
Por Luiza Campos