Eu saí, nas minhas visões do dia, e me deparei com tantas atrocidades contra o entendimento da razão da vida que voltei para casa decepcionado. Fui no plenário e vi a corrupção dos políticos, subi o morro e vi os traficantes comercializando seus bagulhos, entrei numa reunião de empresário e o vi explorando seus funcionários e o pior ainda estava por vir, entrei numa igreja e vi um escroque do diabo vendendo mentiras. Resolvi então ir à um shopping, ali só se vendia vaidades, uma calça rasgada, uma blusa decotada, uma bolsa tiracolo, sapatos altos e uma tatuagem nos ombros, um rapaz mais acanhado, só com alguns enfeites na barba e um brinquinho discreto na orelha. Voltei então para casa horrorizado, um dia perfeito para os insanos, mas onde se achará a sabedoria nesse meio? A vi caída no chão no meio de uns drogados, ela estava toda machucada pelos manos e pelas minas. O conhecimento passava de largo dizendo: não é comigo! Fui até a razão e lhe perguntei: o que aconteceu?
Até o Criador não soube explicar, consciências absortas que só veem os seus próprios umbigos. Falei também com o entendimento que me disse: deveras que estes são uns pobres e loucos. Voltei para casa triste por não ver nenhuma alma sóbria no meio daquela multidão. Não tem o que fazer, não tem o que falar, ninguém vai me compreender, que trabalho poderá ser feito por Deus? Consultei o Senhor Deus, mas até agora Ele não me respondeu, no que eu deduzi, que Deus abandonou a sua lavoura. Na verdade, Ele não abandonou, mas jogou e está jogando todas as pragas que disse que iria jogar nestes finais dos tempos, e eu aqui no meio desses ais e lamentos com as mãos e os pés atados. Se diz que Deus prova os corações, mas pelo que vejo não está passando nenhum, todas as consciências são extremamente ligadas a carne e não tem como desligá-las. Passo os dias sem ter o que fazer, só mesmo testemunhar estes finais dos tempos. A minha luta é esta, purificar as consciências, mas as consciências que têm purificam mais a mim do que eu a elas, já estou o puro ouro, como se diz, mas as consciências ainda estão cheias de impurezas. Sei que o meu dia está chegando, e ninguém tem noção de como eu espero por este dia. Desde criança sonho com este dia, saber como será esta passagem maravilhosa, ver como será lá do outro lado.
A razão da vida me fascina, estar constantemente em contato com o Criador-Deus pelo seu propósito me deixa encantado, saber que estou neste mundo só por conta do propósito do Criador-Deus me desliga completamente de todas as outras coisas, saber que um dia estarei completamente desligado desse mundo e nunca mais, em tempo algum voltarei mais aqui, me faz até perder os sentidos. Sei que estou aqui só de passagem, conheci algumas pessoas que são até legais, falo com elas do propósito da vida, para ver se nos encontramos na próxima fase da vida, mas confesso que não está fácil, pois elas não estão conseguindo se desligar da carne, passam o tempo todo discutindo questões carnais e não se concentram na vida eterna do espírito. Eu sei que este mundo já está totalmente perdido, seria uma tarefa impossível tentar reverter esta situação, mas estas raras consciências que falo todos os dias, parece não perceber que o propósito da vida é muito sério, e o levam meio que nas fantasias, e eu não vejo a parte séria da coisa, aqueles frutos dignos de arrependimento de que João, o batista, falava. Na hora de decidir mesmo as coisas, todas pendem para a carne, se sentem mais seguras e à vontade na carne, e não tem como fazer nada.
Por O teu espírito diz