Um andarilho que não vaga no universo, se perdeu no tempo e se afogou neste mundo, debilitado para o caminho da vida, está largado na esquina, desnutrido por não haver alimento que o supra, por não haver amor que o preencha, por não haver liberdade continua parado. Uma rosa murcha, um quarto vazio, um pássaro sem asas, sem esperança, sem casa. A ampulheta apressa a lua, até quando irá brilhar? Espelho errante não entende, que quando as luzes se dissiparem não haverá nada para manifestar, sua face não poderá enxergar, sua máscara não permite mostrar a beleza de seus olhos castanhos, não é encontrado e não se encontra, quem o poderá ajudar? Alguém tem um prato de comida ou copo da água para lhe servir? Seu orgulho não lhe permite pedir, mas seus lábios cortados instintivamente clamam pela chuva, que o céu derreta e banhe este andarilho sem rumo a seguir, a única coisa que este deseja é um milagre, quando menos se espera uma gota escorre da telha e despenca em sua tez, deixando uma mancha da pureza, não é um milagre, mas sim um despertar para sua limpeza. É preciso enxergar que vive pelos becos escuros, que sua base não passa de uma corda bamba, e que seus laços um dia vão se romper como um fio prestes a ruir. Abrir os olhos para a realidade, pois em algum momento acabará a fantasia, e assim será tarde demais para consertar o passado, não tenha medo de se descobrir, tenha a coragem de ver quem realmente tu és, somente assim terá a possibilidade de se curar e se salvar, apenas desta maneira alcançará a paz, e se revestirá de bençãos que descerão dos céus, não passará mais sede, não passará mais fome, terá o poço de águas vivas em seu coração, jorrando em sua alma, e o céu lhe trará codornizes e manjares que lhe saciarão, não sua carne, mas seu Espírito, e assim será se sua alma deixar.
Por Luiza e Luiz