Apunhalado pela ignorância XI

Doce ignorância, gotejou ilusão, aos poucos tornou-se fel em meu paladar e vazio em meu coração. A beleza do não saber, mas o peso das consequências, sua degustação é calma e seu fim amargo, será que a correnteza abraça ou afoga? O campo florido apresenta-se belo, sua cor casta como a lua, rosas brancas por todo solo, reflete o céu noturno, alma que mergulha enxerga carmesim, puro parecia o caminho, mas assim como o encanto da neve se acaba ao toque frio, estes laços se findam pelos espinhos. Doce ignorância, embriaga-se de seus sabores, desfrutar enquanto esperança, banhar-se em seus amores, doce fel cândido, inocente quem os devora, deliciam-se do presente, esquecendo-se que são vivos por hora, há chão para quem nunca pousou das fantasias? Ela cobra quem a utiliza, é difícil driblar a realidade, mas todos preferem suas máscaras, pois elas acorrentam a triste verdade, não diz, se cala, tão clara, mas sem fala, ela se mostra ser, aceita quem quer ver, mas vazio se faz por não viver. Assim que os dias correm, as noites morrem, as lutas se perdem, a guerra acaba e o fim chega, e a desilusão abraça os olhos perdidos, a incompreensão se faz compreendida, e todo céu que parecia alcançável está longe, o pássaro perdeu as asas, mas não encontrou chão para pousar, caiu como borboleta machucada, e sua queda é abismo infindo, sem afago, sem casa. Na mentira não se confia, mas criaram um mundo mentiroso, caem em contos falsificados e vivem pela ignorância, até que um dia fatídico a verdade cobrará seu preço, e ninguém poderá pagar o que nunca conquistou.

 

Por Luiza Campos

Deixe um comentário