Todos dançam suas valsas, todo dia o mesmo tom, os mesmos passos, os mesmos sons, bailam e bailam sem parar, infinito, ínfimo, uma eternidade de escolhas iguais. Quem conseguiria romper este círculo? Até porque tudo nele se parece muito bonito, as conquistas, os sonhos, as cantigas, o descontentamento, a desesperança, as dores, os dias maçantes, os anos iguais, os rancores, as lutas, os desamores, e logo a frente um precipício, alguma vez já havia visto? E assim este círculo se tornou um suicídio, quem escolhe este caminho está fadado ao vazio, qual música escolheu dançar?
Perguntei ao meu Deus, porque desses dias cinzentos, e ele não soube responder, é clichê, mas é a tristeza que bate na porta mais uma vez. Círculos, ciclos, cíclicos, vícios e mais vícios, um lugar abraçado pelo falso riso, um dia não terá mais piso. Oh! Meu Senhor, guie meus passos, meus pensamentos, meu coração, mostre-me sua luz para fugir desta escuridão, o mundo está perdido, sempre foi e sempre será, lhe suplico, lhe clamo para se achegar, busco sua felicidade, e teu coração tocar, posso dizer que sou espelho e seu filho vou abrigar. Oh! Deus, Deus meu, sei que este círculo um dia se findará, busco uma brecha para escapar e apenas tuas mãos podem me libertar. Quando verão que o tempo tem chão, que o sopro se finda, que a graça se acaba? Quando verão que há o fim da estação, que mesmo que minta não há como fugir da sina escolhida pela alma? E assim se sucede os dias, cantam as horas e acabam as ampulhetas, e assim se findam os risos, calam as vozes e silenciam a vida, infelizmente ninguém enxerga seu fim, que se vestirão de madeira e suas almas estarão perdidas, eu enxergo isto, e luto para um dia estar livre de tudo, metamorfosear e nascer com asas para enfim poder voar.
Por Luiza Campos