Seu rio se deitou, não por ter se acalmado, mas por não sentir mais suas águas, elas passaram como o tempo e se aquietaram por não encontrarem mais o caminho que percorre o mar, o que era para ser imenso tornou-se raso por não se encontrar. Perdeu-se de si mesmo, perdeu o tempo, o seu tempo e fez com que o tempo se perdesse também. O que fazer agora? Como movimentar suas águas assim como as águas de Siloé, para que quem sabe encontre-se com algum tom, porque até sua pele perdeu o seu brilho!? Parece que o frio da Antártida se instalou no seu hadal, congelando tudo o que era vida em ti, deixando tudo em preto e branco como aquelas fotos antigas que ficaram somente na memória. É preciso ser resiliente para continuar o caminho, porque àquele que olha para trás se salga, salga a tez, e mesmo assim não é condimento que tempera, porque perde-se o gosto, fica insosso, sem cor, fosco. E o que lhe restou? Correr pelo seu campo de um lado ao outro, onde o horizonte de todos os lados parece ter se tornado como uma caixa onde há um limite. O além ficou além do alcance, e o refém destacou-se em nuance, um contraste que demarcou uma história perdida, vivida e sentida, sem sentido, sem vida. Talvez a esperança tenha se despedido, parece não encontrar mais o seu lugar neste lugar, mas mesmo assim fizeste uma cama para que ela pudesse ficar. Espero que ela fique, será melhor assim.
Por Patrícia Campos