O receio da solidão faz calar as vozes internas que assombram, porque estas sempre querem dizer a verdade do que somos, e então falta prazer na solitude porque o que nos é mostrado de nós mesmos não traz conforto. É do lado de dentro que mora o medo e as fraquezas são expostas, porque somos baús, mas não guardamos tesouros, antes sentimentos tristes. Espelhamos o que somos, e quando demonstramos desafetos é porque não sabemos amar. Do lado de dentro se esconde muitas coisas e a boca escancara a falsidade, como que se a felicidade existisse, mas sabemos que por vezes somos palhaços tristes.
Porque nunca aprendemos o que é bom? Porque não aprendemos admirar quem prática a bondade? Não exploramos o lado bom de dentro e nem o de fora, porque fora queremos nos justificar, mas dentro mora a verdade a qual fica submetida a calar-se, porque a verdade é sábia e aguarda seu lugar de fala, e mesmo em silêncio ensina até mesmo quem não a quer ouvi-la. Do lado de dentro seu universo é um submundo, imundo, sem sentido, sem rumo, então se fecha, sem frecha, se mira e se erra, o alvo da flecha que não se acerta, e suas janelas perdidas, com vistas incertas para o lado de fora, se engoda lhe dando mais corda, sem força à forca e o lado de dentro que não é o centro, vai desfalecendo, ficando sem lenço e sem documento. Se volte para dentro, ainda há tempo.
Patrícia Campos