Deparei-me num estado mórbido, uma inércia profunda, um peso em minha balança, descompensada, a qual perdeu a marcação, estranheza desconhecida, parece que não me conheço mais, será que um dia me conheci? Começo a me procurar na esperança de me encontrar. Outro dia mesmo parecia que estava comigo, mas com tantas curvas perdidas, fiquei em alguma delas, caída. O tempo também se perdeu, assim como eu, o sentido horário mudou de lado, parece que tudo está ao contrário. Não estou convencida que é o fim da linha, há controvérsias dentro do meu diálogo interno, aos poucos me sinto mais perto de mim. Como reagirei quando me reencontrar? Será que me reconhecerei? As pernas ponteiros discorrem o pó da ampulheta mesmo sabendo que uma hora não terão mais para onde correr, quem quer se perder? Vou voltar para me buscar, não posso me abandonar, vou me trazer para o meu lar, vou me cuidar, me lavar no meu mar.
Não me basta refrescar somente os pés, porque meu espelhar se torna raso, é preciso imergir-me de tal forma que minhas mãos toque o profundo do hadal do mar celeste à ponto de queimá-las por vulcanizar-me às águas vivas. Preciso me trazer de volta, à sabedoria abrir minha porta, refrear meus lábios da impureza que não destila paz. Cuidar dos pensamentos que rondam na tentativa de vencer minha vida, devo vencer este mundo, do abstrato ao oculto, porque o mal não tem forma mas quer nos destruir de toda forma. Como diz uma canção “as letras são espadas”, que o amor perfure o meu coração.
Por Patrícia Campos