Então foi lançado fogo à terra, para que fosse arruinado todas as raízes mortais, até que não sobrasse pedra sobre pedra a não ser a pedra na qual será edificada a casa espiritual. E eis que o silêncio de Deus pairou com ruídos inexprimíveis e estremeceu a terra sem que houvesse um levantar de dedo, mas o verbo no silêncio fez-se ouvido e agitou por suas águas o profundo de cada mar que ali se colocou a ouvir, então seus rostos se desfaleceram por ver o quão pequeno somos, e o quão desprezível é tudo o que damos valor. Em um estalar de dedos e o pó se deita como se nunca tivesse saído do chão, no entanto Deus que tanto ensina da Sua maneira, sem sequer abrir sua boca, calado, como que vestido dos pés à cabeça de pura humildade, fica emudecido mas tuas mãos escrevem em libra nos nossos corações, teus dedos sensíveis desenham da forma mais minuciosa para que nossos olhos tão cegos enxerguem o mínimo o qual é mostrado em sua forma máxima, em cada detalhe, em cada letra ditada, ficando inescusável tudo o que a sabedoria nos mostra por sua luz.
Não tem como dizer que não viu e nem ouviu o que o lumiar celeste cantou aos nossos corações, tal toque com impacto marcante, sempre foi assim, pontos que marcaram nossa história para que fique vulcanizado à memória e que a partir de então seja mudado a visão, porque é necessário passar pela purificação. Vejo o quão o caminho aperta, e meu coração se aperta, e minha alma desperta, porque logo vem a manhã e é necessário que meus olhos se abram e vejam apenas a luz do dia, porque por muito tempo fiz da noite minha companhia.
Por Patrícia Campos