Obstruiu seu caminho e dificultou seu raciocínio, sua luminescência tão longínqua, visão turva. Como expressar seu funcionamento? Uma aliança quebrada, um arco-íris incolor, criação inútil, emperraram suas engrenagens, parando no meio do destino, sem bagagem nem história, apagando seus rastros, não sabe sua trajetória, desconhece a vida. Sua caverna tornou-se lar, deixara o tempo passar, o bem-te-vi canta, bem te vendo murchar, uma rosa desbotada e um quadro sem pintar, engrenagens e engrenagens, tudo tem que se encaixar, como mudar a rota quando não sabe qual caminho traçar? Vivendo como vivem os animais, rastejando como se rastejam as minhocas, sua luta é sobreviver com um pouco de paz, mas como tê-la se não a encontra? Pobres coitadas, pobreza devastada, seus olhos fogosos queimam seus desejos, sua loucura para o nada entra em combustão sem receio, o mundo é mal, e mal, são aqueles que fazem o mundo. Unidos a carne, vedam ampulheta, que não cai e não muda diante tempo da areia, e se eterniza ao nada chovendo como chove cachoeira, tristeza, tristeza, quem pode ouvir suas tristezas? Vida singela vela seu luto, de longe espera um olhar oculto, quem enxerga o absoluto? Como pode algo cabal estar difuso? Confuso, confuso, quem esconde as confusões? Emperram seus caminhos por não raciocinarem a fundo, beira-mar, beirando mar, maré baixa, rasa alma, beira o amar, incompreendido amor, compreensão falha, brisa paira, ah! Mar, poetizo seu amar, desobstrua pelas preces daqueles que querem enxergar, olhar oceano, infinitude seu canto, todo lado vive encanto, sob a luz do dia vive o anjo, alvura, sua luz ávida, venha a nós e resplandeça, trazendo sorriso, trazendo pranto. Viva, viva a vida, que colore o quadro branco e veste o coração com seu manto.
Por Luiza Campos