Me desculpe, não sou quem esperava ser, me desculpe, não sou mais do que possa ver. Sou uma luta acabada, na qual trouxe derrota, me desculpe, meu destino traçou outra rota, meus pés não encontraram seus laços, e minhas notas não soam em harmonia com seu arranjo. Poderia me desculpar? Eu agi sem pensar e não consegui me segurar, me desculpe, mas não pude parar. Desculpe, desculpa ao tempo que perdi por me desculpar, me desculpe pelas horas que poderia mudar (mas logicamente, não mudei), desculpas, são tantas, quantas neblinas turvas que não me deixaram enxergar, são tantas desculpas e pouca luta, eu sei, fui negligente ao não pensar, e me perdi por não entender seu falar. Caberia desculpa onde há tanta culpa?
Me desculpa, disse a alma que quisera meu perdão, mas sou a existência que não carrega escuridão, e quem aceita culpa não sou eu para abriga-la, eu te desculpo, mas não quero sua alma, o tempo não será teu, e por isso não terá fuga, os pingos da areia será fel para teu peito, e o resquício de felicidade trará a culpa por tantas desculpas, sem culpa aceito quem não me anula, por isso trago a voz que te acusa. Me desculpe, mas não há volta, teu chão foi sua cova, aterrou-se no solo errado, e aprofundou-se demasiado, quem se culpa já se acusa, pois vive no túmulo do pecado, o mundo se desculpa, mas o próprio mundo se afunda, e se desculpa como um disco quebrado, o céu escuta, mas permanece silenciado, se desculpam, mas não escutam, e por isso a vida permanece sozinha, e os que agarram sua mão podem ver um novo dia, mas aqueles que a deixa se perde em suas loucuras, e se desculpa, mas já é tanta culpa que já nem sabe, qual a derrota que me desculpo agora? Alguém saberia responder?
Por Luiza Campos