Uma linguagem nem sempre compreendida, mas sentida, vivida, refletida, onde a compreensão do que se expressa só é nítida por àquele que sente. Nem sempre as águas são degustadas por sua hermenêutica, por vezes são engolidas de forma fria, onde a escassez do amor faz com que a sede prevaleça. Mesmo não tendo a perfeição do expressar, àquele que fala pelo coração, põe seu coração à mesa, se expõe sem medo, sem preconceito de si, porque o que tem nas mãos é a verdade do que sente. Nem sempre suas águas são doces, mas é preciso tirar toda sua amargura, trocar suas águas, mesmo que, para isto, deixe escorrer todo sal do coração.
Nem sempre nos sentimos confortáveis, confiantes, mas não podemos recuar, antes enfrentar, as dores, os traumas, os ardores na alma, porque o coração é uma ponte que atravessa as fronteiras do entendimento, da compreensão, de todos os anseios traçados à libertação. Nem sempre um coração verbaliza o que sente, por vezes os olhos que falam o que o coração não consegue dizer. Não se pode falar o que o outro quer ouvir, mas é preciso viver o que fala, senão melhor se calar. Um coração partido fica ferido, e quando fala, fala baixinho, tentando se organizar, porque se levanta com os próprios pés, mesmo que alguém lhe estenda as mãos é preciso se posicionar para levantar.
Não se pode julgar sem ouvir, mesmo que os atos se concretizem, porque há raízes que precisam ser arrancadas e não se pode comparar forças, isto não descredibiliza o erro. Há quem não queira abrir o coração, mas há quem não se dê o direito de fala e disso a sabedoria discorda. Nem sempre somos quem pensamos ser, nem sempre somos quem pensam que somos, e estas dúvidas são geradas por faltar comunicação, há quem não queira ouvir, e há quem não queira falar. Um coração surdo e outro mudo, não se podem conversar.
Por Patrícia Campos