O tempo fechou, dias frios e cinzentos, quero ficar confinada em minha casa, pois o clima é propício, preciso de fato desbravar minha imensidão, cuidar com zelo de meu coração, dissipar qualquer vestígio efêmero, para deixar azul o meu céu, enquanto rasgo este véu. Que esta nuvem negra seja carregada pelos ventos do sul, trazendo-me de volta o sol para aquecer meu peito e que seus raios atravessem todo meu interior, iluminando e fazendo-me enxergar todo amor que cabe em mim, porque não há névoa que seja maior que a luz, e nem há poder nas trevas quando o clarão se faz presente. Por isso tenho aberto as frestas do meu eu e me inclinado a luz, feito girassol, para que esta permeie todo o meu campo a fim de que eu seja iluminada pela sabedoria que me envolve. Não quero mais me debater nas paredes de minha própria ignorância, mas fazer de meu coração repouso ao Rei com eterna aliança. Quero espelhar a vida e toda sua perfeição, minha inspiração contínua a reticências do meu coração. Minha mísera porção da terra não passa de ilusão e encaixada a mim só trouxe-me vergonha e destruição, uma imagem distorcida que nada agrada minha porção da vida. Quero soltar as amarras que me prendem ao solo desta frustração para enfim ganhar as asas que me trará a libertação, quero voar muito além desse horizonte e ver face a face Aquele que quis que eu fosse, fazer do teu desejo a realização e satisfazer a justiça, colocar em Suas mãos meu coração, que Sua sabedoria e o poder sejam minha treliça, para me sustentar na caminhada e manter-me em firmeza, até que eu torne Sua morada e ganhe Sua graça e destreza.
Somando nossas luzes
Por Patrícia e Michele