O batucar da vida VII

Uma batida leve convida corações que se elevam, que enxergam, que se ergam, o ritmo perfeito, a dança mais linda, a valsa da vida, um balé envolvente feito um efeito. Um par perfeito chega de mansinho e pede licença para adentrar o íntimo por inteiro, vira do avesso e transparece o verdadeiro. É o batucar da vida suave, tão sereno, quase que discreto, oferece a eternidade consciente e a deixa contente com paz permanente que tanto compraz e satisfaz o interno, chega a sussurrar baixinho como o som da brisa do vento que sopra as flores da primavera, que colore o jardim celeste, é o ritmo perfeito percutindo o amor infindável do céu ao puro do infinito. É a batucada da alvorada no amanhecer da alva, no gotejar da água, no clarão da esperança, na chuva que lava o solo, é o transbordar da vida em plena sinfonia, em cada canto se ouve um canto, um tilintar, no entanto é o batucar da vida em um simples olhar inocente que não mente, que sente a vida internamente, mas quem será que sente? É orquestra e sinfonia, é o som dos pássaros viajantes que voam cantarolando o rasante da mais plena liberdade, é o batuque pulsante de um anjo adormecido esquecido dentro dos corações dispersos, é a voz que clama, que chama atenção nas batidas insistentes, às vezes em silêncio, às vezes em trovão que bate esperançoso esperando quem ouça o som da glória divina. Ele batuca, cutuca, proclama a fidelidade de unificar, somar, se mostrar, multiplicar e clama em voz alta e revira o íntimo para que o sinta, acena com a mão que acalma, que abraça para que o veja com os olhos da verdade a existência eterna que emana e exala o mais puro aroma da nascente do porvir, do Eu Sou hoje e eternamente. Mas quem será que o sente e ouve a sua batucada pela vida?

Por Milena Gomes

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