Enquanto o som da vida continua ecoando dentro do meu silêncio, resolvi assumir-me braço, na tentativa de ajudar-me, ampliar-me, de forma natural. Quem sabe sair como botija e regar os lábios daqueles que têm sede, que aguardam em seus desertos escaldantes sequer uma gota da água da liberdade. Eu posso umedecer as terras secas, quem sabe eu consiga fazê-las férteis e assim vou fortificando minha terra. Vou dividir meu óleo, derramar em cada candeia um pouco de vida, para que a chama da eternidade em luz seja suscitado em cada alma e assim permaneceremos em luz perpetuamente. Um ajudando o outro, sempre cuidando, admoestando, fortificando. Quero ser atalaia do meu povo, quero que meu povo seja meu atalaia também, para que em tempo algum nos desviemos do caminho do Senhor, porque seu caminho é reto e nossos olhos não podem se desviar dele. Não existe atalho que facilite a luta, é necessário sentirmos cada passo, cada gota de suor que pinga ao chão e deixa as marcas de nossas pegadas. Cada renúncia é uma vitória, que sejamos colecionadores de renúncias, até que esvaziemos nossas almas de tudo o que nos deixa vazios. Prossigamos nos preenchendo de descobertas eternas para que a nossa tenda seja transparente, mas completa de amor, porque só assim seremos felizes e alçaremos a nossa verdadeira liberdade. Que nosso braço direito se liberte e que o esquerdo perceba que suas correntes por mais que estejam soltas, jamais se libertarão, porque o direito é o braço do senhor que nos dá a verdadeira liberdade, e o esquerdo representa a nossa carne, que por mais liberdade que possamos ter neste pó, sabemos que esta corrente só vai até o dia em que este corpo mortal se deitar, e que depois não teremos asas para alcançarmos o céu. A ampulheta está vendo o seu fim, e a balança da justiça segue viva na alma, cabe ao coração espelhar a pureza, caso contrário só se encontrará com a tristeza.
Por Patrícia Campos