Entre concretos nada concreto anuncia-se a ação da origem, o que é certo ao tolo é incerto, e por falta de visão transgride. O bico que carrega o fruto, mesmo que ainda informe, o grão que a terra sorve, o velho que morre faz desapontar o que naturalmente transcorre. E assim ela se pronuncia, no céu a voar, no mar a nadar e na Terra a andar, de alguma forma está a ecoar na tentativa de fazer a alma voar, se libertando de um tempo efêmero evidenciando sua mão em cada detalhe a tez que sente o vento que sua boca nunca se cale, porque sua comunicação é silenciosa, mas o olhar sábio a ouve muito bem, tão inconfundível e grandiosa e tantos fazendo desdém. O tesouro num baú de barro e o que é esplêndido ao céu, encoberto por si mesma, um entendimento raro não se cabe em apenas uma resma, é preciso desabrochar na alma a vida que tanto bate à porta, para descansar-se em palma e que encontre o tempo da volta, porque é necessário voltar-se, ó simples, sim é necessário voltar-se e achar-se em tempo de alacridade, segure a mão segura e não solte porque por ela voarás em liberdade. O pronunciamento da vida é minucioso a olho nu, para isto é preciso despir-se do que é fugaz e com a linha imortal tecer suas vestes, no fim sem fim encontrarás seu imorredouro momento de paz se pela vida nasceres.
Por Patrícia Campos