Olhei para meus rastros e vi que eles já haviam sidos cobertos pelo tempo, coloco a mão no coração e sinto um nó aqui dentro, meu senhor, consegue me escutar? Clamo por suas mãos, por sua força para me segurar, sem ti não sou nada, tenho que reafirmar, como voar sem asas? Não saberia nem como me expressar. Garganta embargada e laços confusos, deixo minhas pegadas em solo difuso, ardores e provações, instinto calado e peito apertado, qual desconhecido está por trás da curva? Desconheço tal conto, e nunca passei por aqui, são novos dias a cada canto que se afina o bem-te-vi, meu coração está gritando em silêncio, e canto sua grandiosidade para que possa me ouvir. Por hora vejo que ninguém tem uma palavra de afago, já que todos estão assim, uma quietude para que cada um possa encontrar em si, e eu obviamente, em mim. Pergunto aos céus e nem ele tem as respostas, o jeito se faz encontrá-las em meu deserto, atentar-me a cada lado, a cada canto em todo ato. Um trilhar íntimo, visões únicas, teto de sabedoria, até onde alcança sua luz? O dia cansa e queima a pele, a noite congela e não abraça o leito, poucos souberam deste caminho e menos ainda o venceram, só os fortes passarão, os determinados, os guerreiros, não podemos olhar para trás, ceder aos ensejos dos desejos, purificar, derribar, assolar, construir, edificar e ser, uma troca, uma luta, um renascer. O deserto conta muitas histórias, e todas elas com pegadas assopradas pelo vento, mas eternas são estas trajetórias, que se eternizam nos peitos contentos, o deserto narra cada passo, desde quando o mar engoliu o faraó, contou por quarenta anos a rebeldia do povo e hoje escreve nossa jornada, e cada escolha fica para sempre marcada, escrita em nossos corações. Por isso peço ao meu senhor, que me zele e me guarde, me ilumine e me tenha para ti, neste caminho só, não sou ninguém, mas ao seu lado triunfo sobre Golias e regozijo assim como regozijou Davi.
Por Luiza Campos