Os poucos sentidos que tem minha carne não alcança o sentido de minha alma, que transpassa espaço tempo e transparece em meu coração, voa longe, abrange os horizontes, cria luzes que antes não faiscavam, lógica e razão, pontas soltas ou não, a partir do momento que se manifesta aquela visão não há nada que apague sua conscientização. O olho do entendimento, que capacita o impossível para enxergar a face de Cristo, que não cega com o tempo, mas se incentivado se fortifica com os ponteiros, que tic-taqueiam suas vozes e abrangem mais sua tenda. Quem vive em escuridão não conhece este sentido do coração, sua forma de enxergar a vida é puramente rasa, não se aprofunda, mesmo com esta imensidão, se torna beira-mar, sem nenhum suspiro ou vislumbre com a vida, e tudo se torna cinza, sendo muitas vezes o que não é, já que o oceano é perigoso, e a areia abraça o conforto, então muito se imagina o que tem no fundo do mar, será que mais escuridão para amedrontar? Quem poderia imaginar que no desconhecido das águas há um novo mundo para desbravar? O tato não poderia sentir, o olfato não poderia cheirar, os olhos de areia não conseguiriam enxergar, a audição não conseguiria alcançar tais ondas e o paladar não conseguiria degustar, um abismo entre o real e seu abstrato, quem acreditaria se seu sentido está obstruído por suas ignorâncias? Um braço quase amputado, um laço um tanto quanto amargo, uma luta sem aliado, uma guerra que não se tem soldado. Esqueceram-se de suas próprias mãos, vivendo no vale da ilusão, eras e eras sem nenhuma informação, pobres almas, vivendo no lar da escuridão. Quem não anda que se levante e quem não enxerga que abra os olhos, a vida não espera, os ponteiros não deixam de cair, quem não corre não alcança, e que não tem asas nunca alçará voo, como poderiam imaginar que além destas paredes cinzas e frias, existe um reino dentro de seus universos anônimos.
Por Luiza Campos