Meus pés ficaram descalços
E eu pisei o chão
Senti a terra nos meus nervos
E deixei os sapatos da salvação
A lama sujou toda a minha alma
E até manchou meu coração
Fui lavar-me num rio de águas limpas
Mas as nódoas se impregnaram no meu roupão
Tentei então as lavadeiras
Salitre, soda e sabão
Fiquei de molho por uns tempos
Mas não vi um que me desse as mãos
Sujei meu corpo com um ímpio
Deixei ele me abusar
E agora quero voltar a ser santa
Mas meus irmãos não querem me aceitar
De que me vale ser uma santa
Se não tem ninguém para me consolar
O meu corpo pede o prazer
Meu peito prestes a estourar
Não consigo passar no caminho da vida
Eu até que tentei andar
Mas a ilusão me puxou para trás
E me disse: é aqui que você vai ficar
Vejo meus irmãos indo embora
E nunca mais vamos nos encontrar
Pois mudei a direção do meu caminho, minha rota
E é lá com os abutres que irei morar
Por O teu espírito diz