Oi luz, você por aqui? Te vi entrar, clareou minhas ideias, quão deslumbrante são tuas vestes, nos pés calçastes as candeias eternas, onde há abundância do óleo que unge a permanência do amor em cada alma que por ti quer ser aquecida. É luz por onde andou? Ou melhor, por onde andei? Só sei que de ti por muito tempo me desencontrei, estou feliz por estar aqui, o teu calor me esquentou, como o melhor vinho que já provei, me deixa leve, me aloja em paz, que minha tolice releve, diante minha embriaguez fugaz. Ah! Luz! Momento áureo, sinto meus pés não tocarem este chão frio, e ao mesmo tempo me sinto firmada na rocha, é como voar e sentir a liberdade, e ao mesmo tempo andar com firmeza. Porque os olhos veem o que querem enxergar e o sábio profere as águas que penetram a alma, o qual bem disse, se teus olhos forem bons todo o teu corpo será luz, mas se a luz que há em ti são trevas, quão grandes trevas serão.
Sabe luz, é uma questão de desejar-te de forma casta, em simplicidade, humildade vasta, porque a verdade não é encoberta diante a tua presença, ela se revela por si mesma, e não há como ficar escondido àquilo que está exposto. Talvez seja por este motivo que nossos caminhos não se cruzavam, quem quer mostrar seu eu verdadeiro? Requer coragem para destruir-se, para derribar o que nunca será edificado. Os julgamentos são turvos, mas a verdade é reta, é nítida e somente os olhos bons podem vê-la.
Ei luz, cadê você? Nossa, um minuto de sanidade e eu tão sensível às descobertas? Já chega então, vou ali pentear os meus cabelos.
Por Patrícia Campos