Universo em crise

Cada um com seus percalços

Inverso infinito particular

Muda geração e o engano no encalço

E a vida sorrindo continua a acenar

 

Mas as almas não despertam

E o renovo nunca brota

Simetria incompleta

Profundas cisternas rotas

 

Ouve-se ao longe um choro

Palpita mais uma esperança

Relicário abrigando um tesouro

Pureza singela de criança

 

O tempo debulha a inocência

Ponteiro aponta crise de identidade

Ao despontar da consciência

Logo camufla-se de vaidades

 

Afazeres dispersam sentidos

Rotinas afogam a verdade

E o peito clama por um tino

Ao percorrer de cada idade

 

Precioso tempo asfixiado

Grita no âmago crise existencial

Rugas no espelho, livro da vida empoeirado

Desprezado foi o essencial

 

Vãs experiências sem sabor

De uma passagem considerada inútil

Amargo fel, tormento e dissabor

Frutos de uma vida fútil

 

Próprio universo em crise

Peça fora de lugar

Efêmero criou raízes

Eternidade de amargar

 

Por Michele Mi

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