Volta-face
O silêncio sussurrou na caverna interna e o sopro do seu sussurrar causou um eco emudecido onde minha alma gritou por liberdade, num tom onde minhas águas de Siloé dançaram ao reflexo do céu estelar, onde as luzes são explícitas, onde as trevas não foram convidadas. Por um tempo o grão de areia escorre e faz escorrer o sal, por ver a pequinês de um tempo ínfimo, atroz, que para o tempo para que não seja parado, fazendo com que o caos permaneça. E como reverter tanto tempo perdido em um tempo com um sentido, consentido pela alma para que o eterno faça morada no que tem poder de tornar-se casa eterna? Teria que movimentar suas águas, não deixá-lo ser um rio calmo, porque enquanto não há mudança verdadeira a comodidade passa a ser inimiga, porque não há rio onde suas águas não corram, porque desta forma é que ele se banha, se purifica. A acomodação não está no seu lugar de fala quando se deseja metamorfosear, é um volta-face consciente, consciente da consciência, permanente com coerência, é interno, um caminho retrocesso, só quem quer tornar-se puro atravessa este universo.
Por Patrícia Campos