Ponto sem nó

Os passos incertos foram desfiando sua veste, a cada rastro deixado, um ponto desfeito, aos poucos as mentiras foram se mostrando, as vergonhas aparecendo, os laços se desfazendo, os momentos se liquidificando, transbordando, por seu oceano interno, escorrendo até as janelas que respiram, inspiram, para deixar mais leve, mais livre, mas neste caminho feito, parece cada vez mais pesado, mais fardos, mais dores, mais pecados, uma história envolta em acertos falados, mas derrotas acumuladas. Um ponto sem nó, uma linha sem fim, traçou o conto incorreto, e se ausentou de si, necessitado de si, da verdade e de sua face, não se conhece, e aos poucos se perde, cada vez e cada vez mais, abismo sem fundo, tom difuso, confuso, coração obtuso.

Depois de um certo ponto não há como voltar atrás, já se afogou em suas dores, em um abissal de pontas soltas, não sabe onde começa, nem onde termina, apenas que existe em algum ponto do infinito, nunca se buscou, e flutuou pelos vales da alma, só, vagante, vagou no vácuo errante, sem nó, inconstante, oras diz meias verdades, oras mentiras completas, mas em nenhuma delas encontra-se de fato, e quando o tempo acabar quem segurará sua corda? Rompeu o elo, caiu do abismo, encontrou um ponto, o fim de seu cinismo, fechou o livro, era uma vez um conto perdido.

 

Por Luiza

Tema sugerido por Ítalo