Desfez-se e se refez, aos poucos, parte por parte, com o tempo lhe dado vai se descobrindo e mudando, metamorfoseando aos pedaços, ora aqui, ora ali, mas em todas se aperfeiçoando, com a vida, com a luz, longe do que lhe toma a sensatez e lhe deixa desnuda, longe da embriaguez e de sua loucura. Abriu as portas para seus olhos, e deixou que varressem todo seu lar, envergonhou-se, por estar tão transparente, mas é assim que se inicia a cura de sua mente, somos sim, resilientes, entretanto apenas querer não é o suficiente, é preciso doar-se para renovar-se, é preciso muito mais de si do que apenas queixar-se, é preciso muito mais de mim do que apenas olhar-me, é preciso de fato pegar a adaga e matar-me, para depois que o passado cair no assoalho sem nenhum resquício de vida, poderei transformar-me.
Assim que o tempo passa, é assim que o mundo gira, uma hora cessarão os ponteiros, e onde estará se não em ruínas? Isto chegará para qualquer um se não se derrubar enquanto respira, uma lei, um presságio, ou anda em luz e ganha a vida ou vive em trevas e se depara consigo raso, vazio, sem laço, aos cacos, sem história para contar, sem dizeres para proclamar, pois resilientes somos, mas não para sempre, se não mudar. E assim me encontro, em busca de minha resiliência, me deixei no casulo para desintegrar, até que um dia abra asas e consiga voar.
Por Luiza
Tema Michele