Eu sou a autenticidade, não preciso me aparecer, sou como o vento que toca a face, mas muitos não conseguem perceber, eu ando no meio dos simples, os soberbos nunca me conhecerão, eu sou como o raiar do dia que mostra seu clarão. Não sou aquele brilho que cega os olhos e ofusca seu caminho, e nem o palco que exibe o próprio vazio, eu sou o silêncio que ecoa a voz, quem me entende sabe que eu sou o porta voz, eu sou como uma raiz que vive no frio extremo e que brota naturalmente em seu tempo, eu não preciso que me vejam, pois eu sou como o vento. Eu sou semente sobre a terra, eu sou o tempo que não se acaba, eu subsisto por tempos incontáveis, e nunca perco o meu destino nesta jornada. Enquanto o mundo quer se mostrar, eu me recolho em paz em meu leito, porque ser é muito mais do que apenas aparecer, eu insisto em estar em quietude, esperando que alguém um dia possa me dar as mãos e me compreender. Eu deixo o eco ecoar e não o grito falar, deixo quem quiser se expressar, apenas fico em silêncio a observar, sentindo e jamais consentindo. Apenas sou um ser infinito, sem nenhuma aparência, sou rico do que nada pode comprar, por isso sou plenamente pleno. Não queira me comparar com o que não conhece, porque não sou uma incógnita, mas sou apenas o que sou, um ser simples, em busca de uma alma que abra suas portas.
Por Ítalo Reis



