Poder ilusório

Afogado, embriagado, perdido, voa, voa para longe, sobe e não para de subir até alcançar os céus, estende a mão para agarrar o infinito, mas começa a sentir o peso e suas asas se desfazem assim como no conto de ícaro, não aceitou seu limite e pensou que podia dar um passo maior que a perna, queda grande, chegou ao chão, mas não parou, desceu muito mais do que sete palmos abaixo da terra, se encontrou no fim do poço sozinho, na escuridão, gritava, mas nem sua voz ecoava, tormento te acompanhava, pensou ser forte, pensou ter poder de seus demônios, mas apenas pensou, nunca se conheceu, apenas sonhou em querer ser quem nunca foi e nunca será, pois sua única saída eram as asas enviadas por Deus e delas você não cuidou, ultrapassou os limites por não conhecer o lugar que deveria buscar, ganância tomou o coração e o raciocínio não foi aproveitado, quis conquistar o mundo, queria ter o infinito e hoje lamenta afundado no fundo do poço no mais profundo de seu coração, sentiu-se vazio por não se preencher com a vida, buscou o mundo e tudo que conquistou hoje vê que nada tem valor, apenas obteve a perca do seu precioso tempo que foi gasto com coisas sem valor, sozinho no poço se recorda do momento que estava no ponto mais alto quando voava e lembrou que quando sentiu cair algo continuou a subir, lembrando percebeu que naquele momento a vida tinha partido e deixou a consciência por ela nunca lhe pertencer, e agora enxerga o poder que tinha em suas mãos, mas nunca o usou da maneira correta, se enfureceu consigo mesma, questiona, quanto havia passado naquela escuridão, sem matéria para sentir, desejava ser desproduzida, pois não conseguia sair de seu estado mórbido sem ter a vida ao seu lado, um poder que foi usado para o que é lúdico e perdeu a eternidade com a paz e o amor, desejando no mais vazio a “desprodução” da sua consciência, mas não haverá como se realizar, prisão eterna te atormenta para te lembrar de seus erros cometidos contra o Senhor, decisões que foram tomadas a favor de seus desejos carnais e hoje não há nada para se satisfazer, apenas lamentar da riqueza que tinha e não soube aproveitar.

Por Luiz Gustavo

Tema sugerido por Ítalo Reis