Entre a cruz e a espada

Dois desejos, duas ambições, dois sentidos, duas razões, como diz o ditado: um olho no peixe e o outro olho no gato. Dividido entre duas paixões, como a dona Flor e seus dois maridos, cada um a satisfazia num quesito, um a enchia de dinheiro e o outro de prazeres, seria como a maioria das mulheres hoje onde um paga as contas e o outro a enche de amores. No caso da consciência, a carne dá prazer a ela e o espírito lhe dá a vida e a consciência fica dividida. Se ganha um perde o outro e se ganha o outro perde o um e no final sabemos que a consciência ficará sozinha, vazia eternamente, como diz no apocalipse: em um só dia ficará viúva e verá o pranto, e os moradores da Terra vão chorar sua miséria, não decidiu em vida, agora uma eternidade para ver a loucura que cometeu, viveu dividida e morreu solitária. Tinha tudo e ficou sem nada, abraçou o mundo e morreu na cruz da encruzilhada, tinha Deus ao seu domínio e ao diabo o seu controle, mas no dia fatal nenhum compareceu ao seu tribunal, foi julgada sozinha e condenada pelo que não fez, não decidiu a tempo o que queria da vida. Triste fim para quem tinha a faca e o queijo nas mãos, foi tão boa a sua vida que você não soube o que escolher, ficou em cima do muro, entre a cruz e a espada, a cruz foi o peso que você carregou e a espada foi o que te matou. Nasceu no mundo, produziu a consciência e brincou de viver, mas não percebeu o que tinha a oferecer, brincou com Deus, brincou com o diabo, brincou com as pessoas e foi dormir lá pela meia noite sem pensar no amanhecer.

Somando nossas luzes

Por Zeca e Michele