Píncaro

Como que um coração pode deixar de ser um ser rastejante e fazer a troca por um ser que vive nas alturas, onde sua casa é o céu? Não é impossível, pois o que hoje é chão, amanhã pode ser cume, pode transformar, criar asas e fazer da altitude seu lar. É triste viver mergulhado em um submundo solitário, em um reino que os mortos te abraçam, mas não te aquecem, os braços são vazios, beijos frios, toques relâmpagos e falas desiguais, cânticos desafinados, como um violão sem cordas. É preciso fortalecer muito a mente para não enfraquecer o coração, pois de tudo se vê e se ouve, são tantas coisas erradas, tantos olhos frustrados, peitos amargos, internos inflamados, mas parece que nada pode ser feito, pois é como se o mundo expremesse as almas e o engano as engolissem até o choro calar. Não podemos ficar aqui, temos que nos voltarmos para dentro e fechar as portas, ficar lá dentro quietos, fazendo a nossa parte dentro do caminho da vida, pegando nas mãos da simplicidade, vestindo a vestimenta da transformação, corrigindo o coração para ver se Deus se agrada dele, pois do jeito que está, está nojento, e jamais Deus habitará uma casa suja, por isso reedificar Jerusalém é o que nós devemos fazer para o Senhor sentir prazer e sobre ela morar, mas há muito o que se fazer, pois estamos dentro de um propósito onde atos em torno dele precisam ser vistos, frutos de arrependimento, ações que mostram que acreditamos no que Deus nos revelou, pois para subir no cume da vida é necessário escalar a montanha com sabedoria para os pés não escorregarem durante a caminhada, requer esforço e querer da consciência para o píncaro alcançar e lá viver entre as paisagens eternas do Céu!

Por Maria Lucia