Disritmia do silêncio

Desconforto latente, mas tão vivo e presente, não querer ser o que é, mas refletir-se e saber que fantasias não escondem a verdade. Costura-se, mas não completa, um copo sempre meio vazio, uma história pequena e incompleta. Busca a confusão dos dias, porque a solidão sufoca, uma corda no pescoço, uma navalha na garganta, a solitude é um sonho inalcançável, e o silêncio a espada do inimigo, sua loucura já corrompeu seus sentidos, suas ataduras não atam mais seus caminhos, muitas pontas soltas para pouco conteúdo, seu relicário está vazio e sobrou apenas o casulo, pouco importa o invólucro se está preenchido de nadas, e o que sobrou de sua canção foram apenas ruídos. Disrítmico silêncio, corre no peito e não cessa os batimentos, tudo envolve os sentimentos, se apresenta o medo, insegurança e seus receios, como irá porvir? Em sua cabeça a escuridão, nem mesmo o firmamento preenche esta vastidão, prendeu-se ao vento e tornou-se vão, vai sem rumo e sem direção. A quietude dos dias prevalece, os céus não conversam mais como antes, os pássaros calaram-se, não há mais para quem cantar, ensurdeceram-se, e preferiram a dor da solidão do que encararem a realidade e a consequência de suas ações, mas não há para onde correr, um dia tudo cobrará seu preço, e quando isto recair sobre suas cabeças a falta estará em seus corações.

 

Por Luiza Campos