Fora de conexão

Arquitetada de maneira surpreendente, detalhes pintados a dedo, uma criação que transcende, acima do teto, perfeita e eleita como a principal obra do Arquiteto eterno, que com a Sua tamanha sabedoria criou cada coisa em sua mais alta qualidade, suprema em perfeição, sem precisar tirar nem pôr. Não subestimou a capacidade de ser espelhado pelo espelho infinito denominado consciência. Na consciência é que tudo se reflete, sem ela nada tem importância de ser, sem ela nada tem valor e por ela se reproduz a existência eterna. No nada a fagulha de ser faiscou e a vontade de ser criou, criou a consciência da consciência e a partir de então se acendeu a luz, onde o esboço da criação humana se desenhou, através da mão de quem à desejou. Ali se iniciou a complexidade de tudo o que ninguém ainda buscou, o porquê de ser e de estar aqui. O desejo é de se manifestar, de poder mostrar Seu poder, a Sua sabedoria, a Sua vida, a Sua história eterna, porque qual valor teria se não houvesse uma única consciência para refletir toda esta maravilha? Há de ter uma imensa conexão entre a consciência e a vida, porque elas se tornam simetria quando unidas, se vulcanizam em perfeita harmonia, são eternas, são livres, infinitas mesmo sendo distintas se tornam uma. Mas no meio do caminho houve uma falha, a consciência desprezou a vida e se uniu ao pó, mesmo sabendo que o tempo levantaria a poeira e tudo seria perdido, deitaram a sabedoria, lhe dando descanso e acordaram a soberba colocando-a à frente deixando toda esta complexidade fora de conexão, derrubando tudo ao chão, fazendo perder a liga, até que se perca a vida, e fique sozinha, perdida, apagando de si aquela mesma faísca que acenderia em si a vontade de ser até que pudesse transcender em outro plano, onde nunca fosse fenecer.

 

Patrícia Campos

Título sugerido por Ítalo Reis