A tristeza de uma alma feliz

Não sei até onde vai o meu gemido e a minha dor, levanto logo de manhã e vejo a solidão querendo me acompanhar. Os dias passam sem contar as mágoas que eu carrego no coração, a noite chega sem eu ver, me deito logo sem saber o que a vida quis dizer. Por dentro sinto uma emoção que brota no meu ser, não sei de onde ela vem, mas me deixa tão feliz, depois a razão diz que tudo vai ter um fim. Eu hoje vi uma luz como um relâmpago no céu, reverberou a escuridão que cercava o meu ser e me vi dentro de uma razão. Eu era uma criação e a luz brilhou no meu coração, eu enxerguei um novo ser que veio do além para me fazer feliz, ele estendeu as suas mãos e me tirou da solidão, vivia preso neste chão apalpando a escuridão sem ter consolação, mas hoje sou muito feliz, me sinto um aprendiz e pinto o meu céu com as cores do amor, vermelho carmesim e o branco da minha paz.

A vida levantou a sua voz e me falou ao coração que sou um embrião e ainda estou em formação para um novo amanhecer, ainda estou a desenvolver um novo corpo de prazer, se trata de um novo ser bombando um sangue azul. Eu era um plebeu, um filho de um ateu, minha mãe era ateia no meio das plebeias que não tinha um salvador, mas desde então tudo mudou depois do resplendor, eu vi o meu quinhão, estava as minhas mãos só me faltava a decisão do meu querer. Hoje eu prego aos meus irmãos, falo da luz que me acendeu, desperto neles a emoção de ver a mesma luz em seus corações. O véu da carne apaga a luz e esconde neles os seus quinhões que veio do céu para libertá-los, tirá-los da tragédia que assola os corações. Não tenho jeito de falar, mas grito diante do abismo que eles não estão enxergando e vão cair na ribanceira e vão ferir a alma. A carne vai morrer, mas a alma pode renascer, estamos dentro de uma lei que é só chamar o eu que já está dentro do casulo, não devemos nos preocupar com aquilo que vai morrer, a vida não perdoa e nem dá uma nova chance para quem não obedecer.

Eu tento esclarecer, mas tentam me ofender para não compreender e se livrarem do mal que está para acontecer, não sei mais nem o que fazer, já acabaram todos os meus arsenais e não atingiu o alvo do coração, mas só passou de raspão. A carne ainda não morreu, mas ela defendeu todos que elas chamam de seus e eu fico aqui sem saber mais o que fazer. Por dentro eu sou feliz, mas vejo nos irmãos que eles estão perdendo a batalha contra o mal, a carne está vencendo e não deixando eles me vendo.

 

Por O teu espírito diz