A companhia do silêncio

Às vezes sufoca, às vezes acalma, nuances de paz e de melancolia, depende do que carrega, depende do dia, é o silêncio e tudo o que traz sua companhia. Quase todos fogem dele, mas é nele que nos encontramos, nos entendemos, para processar as dores e reduzir os danos, refletindo a verdade do que tem dentro, no profundo de nossa alma, no esquecimento de nosso oceano, sendo necessário cada parte ser descoberta, para unir os cacos e nos fazermos, de novo e de novo, cada peça uma nova visão, um novo entendimento, e aos poucos tudo vai se encaixando, e a dor que esperava do silêncio não é mais doído, mas entendido. Vou crescendo, com as doses diárias do entendimento, e vou processando no leito de meu silêncio, quando posso tê-lo ao meu favor. Entender-me tornou-se obrigação, não posso oferecer quem não sou, mas posso ver-me para doar a mim ao meu Senhor, para que me guie e me transforme, de pedra bruta a pedra rara, pois abri-me e deparei-me com meu interior, casta, alma, essência de minha casa, e mesmo que muitas vezes o silêncio traga a tristeza, é nele que raciocinamos para termos destreza e discernimento, porque este caminho não é para os fracos de coração, mas o que sabe a lei e a sente em sua vasta imensidão. Dei os braços ao silêncio e ele se acomodou em meu peito, aos poucos vou entendendo seu intento, e o tendo com mais esmero a cada feito, o que precisamos é de tempo, de bastante tempo, preciso dizer, a transformação não começa no casulo, mas desde o nascimento da lagarta, por isso precisamos entender o processo, para que apenas depois venhamos a abrir nossas asas.

 

Por Luiza