A despedida só machuca quando a raiz é profunda, quando o adeus dói tanto que sufoca, corrói os sentidos e cala os passos. Há corações que pausam quando o outro para; há vidas que se desfazem quando a outra acaba; há almas que se destroem quando a outra se perde, e, com isso, só estão perdendo a si mesmas: o próprio coração, a própria vida, a própria alma. Dão adeus ao próprio reflexo, à própria história. É dolorido, sim, despedir-se sem estar preparado para a partida, mas como nos declaramos guerreiros, se deixamos a derrota recair em nossos olhos com a primeira morte? Como aceitar sem cair? Compreender é o que deve ser feito, compreender que um dia tudo passa, cresce, se expande como nuvens, até acinzentar com o tempo, e cair, cair, sem dor ou lamento, e, novamente, tudo se inicia, com a cadência certa, com o céu limpo para uma nova história, com as mãos livres e a alma leve, pois despediu-se, despediu-se da dor e das mágoas, dos rancores e das lástimas. Deixou escorrer o peso e as lágrimas. Novo cântico para nova música, novos versos para uma nova vida, até passar tempo o bastante para olhar para trás e sorrir, pois, mesmo com o adeus, ficou sua história: cravada em sua lâmina, cravada em sua alma; o caminho que percorreu, as escolhas que fez, o destino que tomou. Sem ruído, sem dor, a despedida há de ser a chave para a liberdade, mas, se sente dor ao dar o tão temido adeus, pense novamente, pois talvez esteja tomando um caminho que não sabe se vai vencer.
Por Luiza
Tema Vani