À procura de um irmão

Certa vez eu sonhei que estava uma noite sombria à luz do luar, onde todas as pessoas estavam vestidas de freiras e todas elas eram mortas e andavam como zumbis e eu procurava uma pessoa viva entre elas e algumas delas se fingiam de vivas para me enganar, mas quando eu as cumprimentava, suas mãos estavam geladas, mortas há muito tempo. Até que eu passei por uma freira mais velha que me disse: onde o senhor ver um foco de luz como este aí da sua cabeça, é porque a pessoa está viva e eu comecei a procurar com o olhar onde havia outro foco de luz, mas não via nada no meio daquela multidão de freiras mortas e me lembro que no sonho me desesperava por não ver nenhum outro foco de luz e passei um tempinho no meio daquelas freiras mortas buscando um foco de luz. Já não cumprimentava mais nenhuma delas, porque não tinha o foco de luz sobre a sua cabeça, até que certo momento vi um foco de luz bem distante, no que eu parti em busca de me aproximar para ver quem era e saí empurrando as freiras mortas para atingir o meu alvo, mas antes que pudesse chegar perto do outro foco de luz eu acordei frustrado por não saber quem era, no que já acordado eu pensei, que este outro foco de luz virá depois da minha morte carnal, mas pensei também, já que não virá outro foco de luz, o jeito é enquanto estou vivo neste mundo tentar ressuscitar alguma destas freiras mortas para que surja também outro foco de luz. E já estou nesta tentativa há muitos anos, mas confesso que ainda não encontrei, ou ainda não obtive este poder de ressuscitar mortos, até que eu grito na boca dos túmulos, como o meu irmão Jesus: Lázaro vem para fora! Mas os túmulos continuam como sepulturas caiadas, por fora parecem belas, mas por dentro só tem coisas mortas, pois dentro das consciências o morador é a carne, que já é uma existência morta em si mesma. Todas as consciências são ligadas a carne, a carne sempre vem em primeiro lugar dentro das consciências, tudo que as consciências visam é o bem da carne e o espírito sempre fica para depois, como numa espécie de vida só após a morte carnal, nunca é para agora, mas primeiro é a carne em tudo e o espírito fica só com aquelas rebarbas de sobras do tempo e isto ainda quando dá tempo. Você vê que os desejos carnais afloram nas consciências, os olhos delas até brilham pelas coisas da carne, as orelhas ficam em pé como os cachorros quando veem o bife ou quando veem uma cadela no cio passando, vão em bando atrás, por isso sinto todas como no meu sonho, que na verdade não se trata apenas de um sonho, mas é uma triste realidade, as freiras representam as consciências que deveriam se guardar de verdade para o senhor, que é o espírito, pois ele é a nossa vida desde já e eterna, já é o espírito que vivifica a nossa carne, sem ele a carne cai e volta ao pó, que é seu natural. Por isso todas as consciências são geladas, frias, calculistas, por estarem ligadas a carne, mas a consciência ligada ao espírito tem luz própria, pois a vida é própria do espírito, e é nítido ver esse foco de luz por sobre a cabeça de quem é espiritual, porque a cabeça é Cristo, a consciência é guiada e dominada pelo espírito e todos que são guiados pelo espírito de Deus, estes são os filhos legítimos de Deus e irmãos verdadeiros em Cristo, filhos do mesmo Pai Deus. E é este irmão que estou à procura, que tento todos os dias incansavelmente suscitar dentro de cada consciência, para que ela desperte para a vida, levante e ande e venha para fora!

Somando nossas luzes

Por Zeca e Michele