Um vacilo solitário, ficou desacompanhada, esquivou-se da dança, retraiu-se. Uma reclusa consciente para que permaneça em si, para que talvez não se perca. Se não dançar conforme a música, dançará fora dela. Sua saia de bailarina fora feita das ondas do mar, salgava sua dor, deitava-se à beira e a areia a sugava. Contava seus passos tentando não errar o compasso, um metrônomo batendo no peito tocando-lhe a esperança, música suave, suas notas eram SOL em SI, quiçá estas notas a adentrasse para que a fizesse ter um par e não precisasse ficar bailando sozinha, porque esta música não toca, nem a si nem a outrem. A dança é feita de par, onde dois se apresentam bem quando a simétrica é perfeita, a dama que espelha cada movimento daquele que a acompanha, mobilidade calculada, onde são sincronizadas. Uma sincronização a partir do olhar, sem ele se partem, por ele se tocam pelo sentimento e dançam o tango da vida em passos improvisados, porém precisos.
Uma bailarina bailando sozinha não se encontra com sua rima, perde o tino, perde a vida, faz de sua melodia a pura melancolia, porque só não se faz um, se torna meio, meio triste, meio isolado, mas só se torna um inteiro vazio.
Por Patrícia Campos
Tema sugerido por Luiz



