As mãos que derrubam o berço, os pés que caminham em becos, a surdez dos ouvidos sãos, um caminho na contramão. A manifestação de tudo o que é atroz, o céu que perdeu sua voz, uma busca incansável por uma alma. Onde encontra-la neste globo? Sua atmosfera se fechou não deixando penetrar a luz, a treva que em si raiou apagando sua difusa luz. Era para ter dado certo, se mantivesse a sabedoria por perto, sua soberba lhe deu adeus, onde foi que se meteu? Não adianta clamar por consciência, se nem ao menos compreende sua hermenêutica, criam teorias sobre ela, inventam ter consciência de tudo, só não adquiriram consciência da consciência. Então dizem ter consciência só por dizer, porque a consciência é o elo perdido, por ela se dá o sentido, e compreende o que é relativo, um espelho embutido que tudo que coloca em sua frente torna-se refletido, mesmo que seja abstrato ela monta todo seu quadro e espelha até a centelha, divina e verdadeira, a vida que pulsa o peito. Não produzem consciência do próprio fim, porque não querem findar-se, mas sabem que isto ocorrerá e fogem dos próprios pensamentos, mesmo tendo isto por garantia não vão atrás da própria valia, vivem na correria de uma vida vazia, onde se fartam mas não se preenchem, quão grande sua bulimia, uma mente tão fria que se finda com hipotermia. Triste fim de uma consciência que morre duas vezes, uma para o pó e outra para a vida, uma consciência perdida que não seguiu sua sina e somente depois do fim produzirá consciência de si, mas aí já será tarde e o sentimento que arde não dará chance ao covarde que não buscou não ter fim.
Por Patrícia Campos