Quando surge o sol e a alma se torna candeia, as cores reluzem vivas e o olhar descansa em paz, seu estado se torna sólido, seus pés caminham firmes, mesmo que flutuam no céu. O saber te adentra sutilmente, vai te fazendo morada, suas janelas se abrem e os raios solares penetram deixando tua casa bem quente, chega arder a alma, como o calor do deserto, vai esquentando, esquentando até deixar-te num estado líquido, como a metamorfose das lagartas. E ali a vida transforma, te faz a forma mais bela, te molda, desenha tuas asas com seu pincel invisível, te muda, te cura, te faz enxergar tal loucura, te faz subir às alturas mesmo ainda estando na casca desta amargura até que se forme o novo, que sinta vontade extrema de sair do casulo do pó e voar entre as estradas celestes.
Seu primeiro experimento talvez lhe dê um pouco de medo, nunca voou sozinha antes, mas se lembra que suas asas são o braço do Senhor, então se lança para sua vida, sua única saída e vê que seu estado agora é de evaporação, evaporou suas dores, seus anseios e seus medos, evaporou todo e qualquer pensamento pobre que não lhe deixava forte, evaporou sua fraqueza, sua falta de destreza e toda dúvida que lhe causava confusão. Passou de estado em estado até que se encontrasse livre, desafiou a “física” e encontrou mais um estado para que permanecesse, não conseguindo conter-se, seu estado agora é a vida, eterna, infinda.
Por Patrícia Campos