Dias contados

Contador que toca, ou areia que cai, os dias estão contados, será caos ou cais? O tic-tac não para, mas uma hora não será mais ouvido, a boca que cala e do cão não se ouve o latido. Eis o fim da linha, linha tênue do horizonte, de um lado se definha, do outro torna-se santo monte. Os grãos que não se contam no começo, mas que se valorizam quando estão acabando, um coração ao avesso, um peito se transformando. Nasce o sol, dorme a lua, sorri o girassol e chora a alma nua, uma rotina que passa despercebida uma correria sem preço trocada pela sabedoria. Não se sabe a hora nem o dia que se esvai, o sentimento aflora e brota o grito dos ais. Os cordéis embranquecidos, as expressões que se formam em linhas deixando-os enfraquecidos e com suas almas vazias. Então procuram o amor em seus abismos ocultos, não encontram o valor e conformam-se com seus lutos. Uma hora o tempo não estará mais entre nós, esta invenção delimitada, um tempo para desatar os nós e sustentar sua alma acordada, porque virá o depois do fim e não se encontrará mais neste espaço, o pó se murchará como o jasmim e somente o sábio vencerá o fracasso. Os dias passam como fumaça e se apagam dentro do tempo, se quebram feito vidraça, se espalham no soprar do vento.

 

Por Patrícia Campos

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