Do tudo ao nada

Quando vê, se tem o poder, esparramado na palma das mãos, quem reconhece seu próprio valor o segura e se assegura para que não venha perder. A maior perda que se pode ter é a perda da vida, deixá-la escorrer pelas mãos como as águas de um rio. A vida nos dá o poder de todas as coisas, inclusive de conquista-la por toda a eternidade. Quando conseguimos espelhar toda esta grandeza que nos envolve e temos a percepção de quão valioso somos diante toda esta complexidade e não deixamos que este valor se esvaneça porque somos nós mesmos que lutamos para nos mantermos firmes e valiosos, se trata do que possuímos na nossa alma, do que guardamos em nós, do que deixamos florescer no nosso coração, daquilo que alimentamos nossos pensamentos, do que deixamos manifestar em nosso espelho alma. É preciso cuidar de cada passo, andarmos ao lado daqueles que nos fortalecem em sabedoria. Tanto o bem quanto o mal somos nós mesmos que trazemos a nós, nós que buscamos e regamos àquilo que queremos que cresça em nós, ou talvez nem queremos mas regamos ainda assim.

Tudo é ter o espírito, e se não se agarrar a ele chegará ao nada, seria da riqueza eterna à pobreza extrema. Como pode a consciência ter todo o poder nas mãos e chegar ao nada sem as mãos e vazia? Do tudo ao nada, podemos ter tudo ou podemos nos tornar o nada. O poder é nosso e não devemos perdê-lo e nem nos perder, porque temos o poder de nos tornarmos constantes no infinito ou por um instante nos perdermos por toda a eternidade. Do tudo devemos nos tornar um todo, o todo do corpo eterno, vivido, feito um florescer perene. Que o nada se torne cada vez mais distante até que uma hora não encontre mais seu lugar, que ele fique fora do alcance, que minha alma nunca o penetre para que eu possa encontrar de verdade a minha paz.

 

Patrícia Campos