Gotejar do seu sangue

 

De nada valem as águas se não forem para arrastar as folhas secas que cercam o campo, as águas boas são as que descem do céu, que de fato lavam e não as águas maquiadas de azul, águas que não são transparentes, que caem por cair, sem sentido, sem tino. Das boas águas se ouvem o gotejar do seu sangue, porque através delas se mortifica o pó, aquieta a poeira e traz o carmesim à tona. Uma demonstração de amor eterno, um amor próprio e apropriado, o verdadeiro amor. Não se pode ouvir o gotejar do sangue se por estas águas não se banharem, porque elas são como a espada que divide para que se multiplique, que separa o que não é, para juntar aquilo que possa ser. Porque o pó nada mais é que o pó, mas o espírito é quem vivifica a alma, então que a alma se separe daquilo que não é e se una àquilo que é por toda a eternidade, àquilo que sempre foi e sempre será, de geração em geração. É uma questão de escolha, de se enxergar como é, de enxergar o que possa vir a ser e se transformar e enxergar também que, se não for sábio o suficiente para perceber que sem a vida nada é, e assim será, o nada! Àquele que tem prazer em ouvir o gotejar do próprio sangue, que fique claro que isso se trata de uma metáfora, porque o mortificar o próprio corpo não significa se matar, mas sim morrer antecipadamente para àquilo que não tem vida, é deixar os desejos deste corpo que morre, deixar os sentimentos por este corpo que morre e assumir seu corpo eterno por sua consciência, mesmo ainda estando neste plano mortal, este plano portal, que te transporta para outro lugar, o seu lugar eterno o plano, do céu.

 

Patrícia Campos

Tema Vani