Meu sangue

Escorreu carmim pelo assoalho, estava perdendo sangue, e sabia disso, mas como largar a espada sendo soldado? Desistir da guerra por estar machucado? A guerra muda o pensamento fraco, tornando-o mais forte, mais claro. A noite já nascia, e com ela vem o perigo de estar embaixo da lua, quem sabe o que assombram as trevas? Muitas vezes é nela que nos encontramos e nos refazemos para o novo porvir do dia, como faz para se refazer?

Meu sangue ainda escorria enquanto divagava, a guerra permanecia enquanto pensava, nem tudo para, apenas nós mesmos, meu sangue ainda carmesim, minha guerra ainda aqui, para colorir sangue com o infinito e tornar-me céu, parte do firmamento, com os olhos estelares e o corpo do juramento, o mesmo que correr pelas veias celestes, correrá por mim também, serei sangue de seu sangue, sangue nobre, sangue azul, vida em sua totalidade, de eternidade a eternidade, por isso que importância tem se algumas pétalas pingarem? As rosas terão que murchar de toda forma, e os espinhos morrerem com elas, a guerra traz o ceifeiro atrás de si, e primeiro me entrego a sua foice, para depois reerguer-me, murchar, para florescer, anoitecer para amanhecer, e assim, desmanchar-me para reconstruir-me, e meu sangue ser vida.

 

Por Luiza

 

Tema sugerido por Arthur