As aparências sempre enganam, o que parece inofensivo tem o som do sibilar das serpentes, é sorrateiro, se arrasta em silêncio, sem pálpebras não fecha seus olhos e ataca quando menos se espera. As cores encantam os olhos, e eles parecem não ver, as dores pelos restolhos parecem não fenecer. Sorrisos mascarados, ambições sutis, bens disfarçados em meio a covis. Quem é sensível o suficiente para ter tal percepção? Quiçá uma alma dolente consiga curar seu coração. Um mar que nos engole à sangue frio, chega a faltar ar deixando o pulmão vazio. Há falta de muitas coisas inclusive de amor, onde ele foi parar? Até o amor próprio se mudou, foi para outro lugar, e ninguém se encontrou nunca mais, se buscam neste lugar que nos engole vivos, uma hora passaremos por sua garganta e nessa hora não há ser vivo que suporte. É preciso sair daqui antes mesmo de morreremos, sair deste ciclo ilusório, sair deste sistema ambíguo, procurar ter firmeza nos pés e saber escolher o caminho. Não podemos ser servidos apenas de comida aos vermes, este pó esvoaçará e isto acontecerá em breve. Não há muito o que fazer, os grãos caem sem parar e para que consiga viver é preciso se amparar, se desconectar do sistema, e procurar laços com o que é perpétuo, sair deste dilema não se tornar incrédulo, há uma saída e esta porta está no teu coração, abra-se para a vida e não se perca pela ilusão, este mundo nos engole diante tantas perdições, entre mares entre cortes nesta selva de vilões.
Patrícia Campos 🌺
Tema sugerido por Kátia