Se a liberdade soasse acredito que assemelhar-se-ia aos passarinhos, ou talvez ao uivo do vento, quem sabe ao som do mar quando as ondas se quebram. Se a liberdade quisesse encontrar um lar acredito que moraria na maresia ou no mais alto dos montes, talvez em uma floresta densa ou no desaguar do riacho. Se a liberdade quisesse paz acredito que escutaria o tempo passar sem pressa, o mundo girando lentamente, assistiria o dia se tornar noite, a noite se tornar dia, e assim sucessivamente. Se a liberdade quisesse se adornar, acredito que se pintaria com as flores do campo, vestir-se-ia com a bruma da manhã e iria se rodear com as folhas secas do outono. Se a liberdade quisesse que todos a vissem, acredito que só ficaria quieta, e deixasse que as almas aquietassem também, para a sentirem no âmago, nas entranhas do amanhecer.
Estamos cheios de liberdade, em cada canto e em cada laço, em todo pranto e em todo passo, estamos cercados de liberdade, mas nos prendemos porque escolhemos, e até para isto, temos a liberdade de escolher, viver acorrentado com tanta liberdade, e se ela falasse, falaria que se perdeu, perdeu-se dos campos, do vento, dos pássaros, perdeu-se em sua própria cabeça e não encontra saída para tal prisão, e não há prisão pior do que a prisão mental, onde em todo lugar se tem a liberdade, mas não a encontra em seu coração. Se a liberdade pudesse lhe aconselhar, aconselharia que se deixasse viver, mas viver de verdade, ao lado da própria vida, com ela mesma em seu encalce, ao seu lado, aconselhar-te-ia abrir as asas, deixar o vento tocar sua tez, tocar os céus e assim se encontraria outra vez, no submundo de sua alma, que por muito tempo estivera perdida, mas agora, foi encontrada. Ainda poderia mudar, vestir-se com a bruma, cantar com o oceano, com a liberdade em seus olhos e a alegria em seu conto. Todos temos a liberdade, só a perdemos no meio do caminho, mas Deus nos cercou com ela, e todos os lugares que olhamos, está, só precisamos alcançá-la novamente.
Por Luiza