Oceanos no silêncio

Me encubei em uma gota de mar, ali fiquei por instantes, olhando em volta, enxergando a dor. Todos lutam por liberdade, mas suas asas estão presas, não há quem consiga voar estando amarrado ao pó. O que parece ser leve, tem sabor de morte, é um peso morto que não se pode carregar. As aflições têm prevalecido sobre os corações e o pranto do vizinho não é mais salgado. São oceanos e oceanos se juntando no silêncio, não é só a noite que o mar apareceu, os dias também têm se tornado noite, e assim a rotação da Terra não traz nenhuma solução às terras, estão esturricadas feito sertão. Há alguns que se beneficiam dos pequenos pontos de luz e estão seguindo em suas direções para que talvez encontrem um refúgio. É preciso se aliar à sabedoria e arriscar sua própria vida para que possa viver. Os dias são como os grãos da ampulheta e estão escorrendo apressadamente. Há de ser feito alguma coisa, é cada um por si, e você por Deus senão não haverá amanhã para os fracos. Que a esperança que nos resta seja uma faísca que possa criar força em nós para que possamos nos acender na eternidade. Se dependermos de tudo o que está fora de nós para nos levantarmos, confesso que ficaremos ao chão, mas se nos voltarmos para dentro e nos acolhermos com amor, teremos a proteção que precisamos para transportarmos nossas almas em paz.

 

Por Patrícia Campos