Onde está o meu coração? VII

Por muito tempo ficou escondido, nas tavernas que o acolhia, lá ele se afogava em mágoas por estar só, mas sempre colocava um sorriso depressivo em sua face para se sentir feliz com seus companheiros que também se encontrava em desgraça, sempre embriagado nas ilusões e contente por poder imaginar um futuro melhor. Quando chegou neste mundo era puro, mas o empurraram para lama onde ele se banhou por completo, se contaminou e não se reconhecia como valioso, pois o mais importante se afastou de si, seu coração o deixou por não fazer parte de um corpo que mesmo com a vida já se encontrava no caixão, as ilusões fizeram com que o coração não quisesse ser mais seu, mas não há como se separar havendo tempo, e o ébrio uma noite notou que seu peito estava cheio e pesado, farto de nada, percebeu que em nenhuma taverna encontraria a paz e então subiu a superfície ampliando sua visão em busca de seu coração, se tornou um aventureiro em busca de sua razão, pois tudo que consumia nada o preenchia e sentiu um frio além do sentimento, não se sabe se era um chamado ou aletar de tempo, se tornou um homem de lata com o desejo de ter um coração verdadeiro, pois nada que tinha o satisfazia, e seus amores nunca o esquentaram, muitos tapas na cara levou, mas de todas as lutas levantou, e cada vez mais sua frieza passava a se tornar mais calorosa, sentiu que sua lata estava a ganhar vida, e sua busca se intensificou, foi passando pela peneira e funil, e enxergou tudo que deveria, pois passou por tudo que tinha que passar, deixou tudo que devia deixar e assim fez seu coração se achegar em ti, e sentiu o amor e o conforto de estar vivo, quando encontrado, seu relógio parou, pois tempo não precisa com a vida, com ela você se torna atemporal.

Por Luiz Gustavo

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