Máscaras, acostumadas com os palcos, conversas rasas, programadas pelo repertório ético, um costume frio, um conhecimento vago, cada cabeça um filme, um disquete, uma música, mas no fim, nenhum real, fantasias tão esplendorosas quanto seus sonhos, aparência cor de rosa, mas ao chegar perto faz-se desbotado, um laço fraco, um tom falho. Os dias giram no mesmo lugar, os sorrisos dados já programados e reposicionados, hora de falar, de calar-se, de esperar, de desesperar-se, há o momento de fugir, apenas de si, nos silêncios inquietantes, onde a cortina ameaça descer, entretanto o show não pode acabar, uma peça muito bem realizada, mas que não acrescenta em nada. Vem o dia, cai a noite, fecha o tempo ou abre o sol, estrelas, nuvens, semanas eternas, anos que passam depressa, mudanças externas, internas, mas nada que toque a alma, a essência se mantém intacta, desconhecida, calada, a vida desapercebida nas peças montadas, uma fábula, um conto, uma piada, palhaços de caras fechadas, um solo desafinado, uma rima mal posicionada. Peças teatrais, individuais, indivíduos tão iguais, mas que se colocam em pedestais, protagonistas que ninguém se importa, qual o nome, idade ou desejo, ninguém quer saber do seu companheiro, buscam seus próprios ensejos, mesmo que precise naufragar um marinheiro. Terra de ninguém, sem importância, todos se fazem reféns, reféns de suas mentiras, risos forçados, e de suas loucuras, reféns de si mesmos, de suas próprias ilusões, não ser aquilo que espera, e se frustrar por não alcançar o que almeja. Peças e mais peças, qual montou para si? O que espera quando nasce mais um dia? Distanciaram-se da vida, e cada vez mais se aproximam das ruínas, falta de conhecimento e sabedoria, não há como acorda-los deste transe, apenas verão que a história acabou, quando a cortina abaixar e não subir mais.
Por Luiza Campos