Vozes silenciosas perdidas no infinito, o amargor de gritos abafados pela incapacidade, o tempo não passa no abismo, muito menos se perpetua, apenas paralisa, tornando-se unicamente lembranças vazias. Estranho é que o mundo continua, a vida vive, os pássaros ainda cantam, o solo ainda floresce, e o sol continua nascendo e se pondo, como um dia qualquer, pois de fato, continua sendo, apenas sem sua presença e conhecimento. Os sorrisos continuam a serem dados, até por aqueles que te amaram, os laços se criam e se quebram, e tudo se transforma para algo que nunca conhecera, mas a eternidade abraçou escuridão, no momento em que a vida soltou a sua mão, e mesmo que passe gerações e mais gerações, será para sempre, não um ser, mas consciente, sem poder, porém eterna mente.
Acredito que é estranho se encontrar em um resultado sem volta, muitos arrependimentos, mas sem formas de serem consertados, lembrar de momentos mais banais, como o cheiro e o barulho da chuva e do mar, a brisa quando acaricia a tez, o som das aves e o sentir a pulsação, um abraço, uma lágrima, um grito e um sorriso, uma conversa, um silêncio calmo, o amanhecer e o anoitecer, admirar a mudança das estações, como são belas mesmo tão distintas, mas quando se dá conta não há mais tempo, não há mais ar, não há mais vida, não há mais céu, nem terra, apenas o doce sentimento do fel, escorrendo por suas quimeras, transbordando em seus poros, e diluindo em angústia. Assim como as vozes de um sonho lúcido, morrer é realmente não fazer aquilo que deveria ter feito, pois muito tinha e nada fez, e quem cumpriu com sua parte perpetua pelos céus, pela metáfora, como estrela, mas na realidade nem se pode imaginar a grandiosidade de sua existência, pois se antes admirava a vida, agora a tinha como própria de si, o tempo não paralisou, ele apenas se tornou inútil, pois quem o contará tendo a infinitude em mãos? São dois lados da moeda, você escolhe cara ou coroa?
Por Luiza Campos



