Se havia alguém em casa, ninguém viu, e se havia não quis abrir as portas ou as janelas e nem mesmo as cortinas, se havia alguém lá dentro não quis receber a vida, e se havia certamente estava em ruínas. Se havia alguém em casa estava debruçada sobre suas lágrimas, e se havia não sabia abrir a porta, se por acaso houvesse alma nesta casa, dela, não fez seu lar, pois tinha muros, janelas e portas, mas não havia um sorriso neste lugar. Ali, do lado de fora, esperava aquele que queria te cuidar, mas lá do lado de dentro, estava aquela que não queria se entregar, e entre esta guerra silenciosa estava a porta que se mantinha fechada, intocada, estava até enferrujada, pois o tempo não perdoa, e certamente não perdoa suas falhas, seus medos, seus receios, e quando o tempo acabar e não houver mais chave para a porta, ficará dentro dela de hora em hora, de eternidade a eternidade, em toda sua vasta e solidão, longe de ser inteira e da solitude, apenas você e seus móveis velhos, que guardaram memórias, mas não guardaram o que é terno, eterno, vivo e belo. Com a porta fechada e com a mente lacrada, vive a alma penada, que não sorri e não canta, mas se esquece e se isola, pobre casa, que nunca saberá o que é florescer, seu jardim cinza não entende a cor do alvorecer, deixou-se de lado, no canto, sentada no assoalho, esperando o tempo cessar e acabar com este conto desesperado.
Por Luiza
Tema Kátia