Admiro os repreensíveis, os que se abrem para não só ouvir, mas absorver aquilo que lhes proporcionam o bem. A palavra quando proferida são como flechas, perfuram na intenção de matar tudo aquilo que causa confusão na alma, quando desejadas são como aquelas armas que atiram flores, trazendo sempre o argumento que acalenta, que satisfaz, que alimenta. Admiro os bons ouvintes, os que se enobrecem com o silêncio, que não só pensam, mas que em cima de seus pensamentos acionam o verbo, explanam a si mesmos, colocando suas cartas à mesa, não para outrem, mas diante seu eu espelho, para que a percepção se faça presente e estenda sua mão para ajudar a alma a se levantar e sair daquele lugar que não lhe traz a vida. Por vezes a indiferença do meu olhar não me agrada, não posso e nem devo fazer acepção, consinto com isso, mas não adianta só saber o que pode ou não ser feito. De que vale tantas leis apreciadas senão são efetivadas no coração de forma livre, onde não há cobrança, mas prazer, prazer de ser quem é e ter orgulho de ser assim, justo em tudo e com todos? Sinto afogamento, me falta ar, então o meu respiro vem e me abre as narinas, e o tempo sopra em meus ouvidos que ele ainda está presente e que eu preciso me apressar, esboço o mar por sentir que a mão de Deus me toca, todos os dias, em pequenos e em grandes gestos e que nem preciso sair do lugar para senti-los, basta fechar as janelas e olhar toda a imensidão que Ele pôs dentro de mim.
Por Patrícia Campos