Receio do julgamento, de sentir a dor da condenação, das consequências de suas ações. Nos colocamos em caixas fechadas e nos acomodamos como errantes, não condenamos, mas também não apontamos nem os nossos próprios pecados, escondemo-nos da luz da manhã, mas a vida ainda habita na noite. Jesus não atirou a pedra, entretanto sabia que poderia, Maria não se machucou na queda, porém mudou, pois encontrou a saída. São “poréns” e “ses” perdidos nas histórias não contadas, mas existentes, se a morte não bate na sua porta hoje, pode bater amanhã, o que espera sentado do outro lado da vida? Que ela passe? Não espere o martelo soar na madeira, muito menos a pedra alcançar sua cabeça, pois não adianta fugir do ceifeiro, ele se achega quieto e assola o campo como um bom guerreiro, e se não estiver de pé para a guerra será devorado pela fome da destruição. O que nos falta? O problema desta pergunta é que não falta nada, a culpa está nas escolhas que tomam o coração, o pecado nunca esteve na serpente, mas sempre esteve em Eva e Adão, o ponto é que assumir o pecado é amarrar a corda no pescoço, mas melhor é morrer honrado do que tentando tirar-lhe o fardo. É difícil, espelhar-se e se enxergar nu, sem sombras ou vergonhas, apenas o que é, onde se encontra, mas se não ver onde está como fará para mudar? É preciso que lance a primeira pedra, de você para si mesmo, que quebre o espelho e deixe-o aos cacos, para que a mudança comece de dentro, uma revolta com seus próprios laços.
Por Luiza Campos